Militância
Eu acredito em algumas coisas. Justiça, igualdade, respeito. Todos devem ser tratados do mesmo modo. Às vezes também em amor e carinho, mas isso vale mais para bichos do que para pessoas (olha só que mundo mais louco). E, não sei bem por que, um dia surgiu a vontade de fazer alguma coisa. Qualquer coisa, ajudar de alguma forma. E essa vontade começou a me consumir... queimando por dentro, quase como uma obrigação. Fui ajudada por tantas pessoas, das mais variadas formas, e é uma verdade gritante para mim que eu deveria retribuir isso de algum jeito.
Procurei. Fui atrás, perguntei. Escrevi. Telefonei. Me pronunciei, "estou disposta". "O que eu posso fazer?"
A resposta nem sempre vinha. Silêncio. Ou então, "entraremos em contato". Ou ainda: "espera que qualquer dia a gente vai ter uma reunião! Eu te chamo!"
Mas as reuniões nunca vinham. E eu esperei.
Cada dia a vontade me consome mais. Não sei pra que lado ir, por onde começar. Não me sinto acolhida em nenhum lugar. Não acredito que não existam outras pessoas como eu - mas onde estarão elas? Não vejo as organizações absorvendo essas pessoas. Chamando para perto e falando "que bom que vocês vieram, precisamos de alguém que faça isso, isso e aquilo." Não. Ninguém te recebe, você não é bem-vindo.
Quem poderia fazer alguma coisa tem medo. Não medo de fazer, mas medo de expandir. Medo de "contaminar" as pessoas ao redor com uma onda de bem, de mudança. Medo de confiar no outro e esse outro tomar seu lugar depois. Medo das próprias pessoas que você deveria estar ajudando...
Paulo Freire sempre falava do "amor". Não apenas do amor à causa, mas o amor às pessoas. Você deve amar muito as pessoas que quer "atingir", porque na realidade são elas que vão começar a mudar o mundo. Não você, sozinho, do seu pedestal, gritando certezas e ideologias. E sim os silenciados, os que sofrem, os que não sabem que podem. São essas pessoas que precisamos amar e confiar para que elas mudem a situação delas e, por conseguinte, do meio ao redor.
Mas na militância isso não acontece. Há arrogância, orgulho, inveja. Medo do próximo. Ganância. Os grupos começam querendo ser diferentes e logo em seguida se tornam escravos da própria fama. Qual o objetivo? Por que tudo começou? Para você ser conhecido e famoso em um pequeno grupo de pessoas? Para mim, isso soa mesquinho.
Queria encontrar um lugar. Um lugar onde essa "onda do bem" fosse incentivada, onde as pessoas confiassem umas nas outras. Onde a diversidade não fosse só bandeira, mas onde ela existisse e fosse valorizada.
Hoje, quase 1 ano após minha primeira vontade de mudança, vejo que minhas realizações mais visíveis e duradouras foram um blog virtual e um grupo de gatos que vive na minha rua (e que hoje têm carinho e comida).
Não é pouco para 1 ano? Não tenho dúvidas de que é, sim. Mas não sei mais para onde ir. Os lugares onde eu chego estão fechados, restritos. Os importantes continuam em seus pedestais. E eu, que tanto quero fazer algo, fico presa em casa, escrevendo em um blog. Sem idéias. Sem uma direção.
Para onde ir?
Marcadores: escrito por Orquídea, vida pública
8 Comentários:
Pro meu colo serve?! =)
Ah baby, entendo como se sente... Feeling de que não é a única... Mas acho que vai achar seu caminho, um lugar onde se sinta bem e sinta que realmente faz parte daquilo, independente se seja militando por animais, lésbicas, etc.
"Don't worry about a thing, 'cause every little thing is gonna be alright!"
adoro... =***
Querendo ou não, vc ta ajudando muitas das gurias quem vem aqui, já que a sua vida é parecida com a gente.
Vemos preconceitos, amores, dores, alegrias. Somos todas assim, até pq somos´gostamos do mesmo sexo, pois a gente se entende.
Vc escreve lindamente, vc tem o dom de escrever! Use esse dom então, como vc usa aqui!
Faça propaganda do blog, tenta resolver esses problemas, já que são tantos, em tantas meninas nesse país que é o 5º mais preconceituoso do mundo.
Pense, é uma possibilidade!
Beijos!!
:*
Olha... eu sei q é dificil querer fazer alguma coisa e se sentir assim, estagnada... mas poderia ser pior, vc poderia não ter nem projeto, uma meta, um objetivo!
acho lindo isso de querer mudar o mundo! queria ser assim!
há tantas coisas pra entender Orquídea...
bjocas se cuida.
Não espere!
Não espere que alguém lhe diga o que fazer para participar de algo. Participe, apenas.
Acredito que os grupos aos quais você queira pertencer não vão simplesmente te acolher e delegar funções. Você e o grupo trabalharão conjuntamente, construindo confiança e projetos JUNTOS.
Claro que há grupos em pedestais e presos em sua própria arrogância, mas há outros que não estão e nesses, certamente, sua participação será útil.
Não consegui ver um end. de e-mail para correspondencia. Em que local você reside?
escreve para nós e veremos como poderemos orientar você. A luta é ardua mais juntas SOMOS mais fortes. E como cita nosso slogan " Mistério e dar a mão".
movimentodellas@globo.com
a Coordenadora Geral é de Yone Lindgren eu sou Vera couto assessoria de projetos meu email:
veracoutodellas@globo.com. Nosso grupo Movimento D'ELLAS - Rio de janeiro.
No aguardo de contato e saudações.
Qdo se tem a luta na veia,não ha momento ,tampouco certo ou errado...tirando por mim,nem sempre ha como ser bem recebida de imediato.Até pq o que supomos ser desconfiança pode vir depois de muitas e muitas quedas ...mas,fazendo da queda um passo de dança...comunique-se again...e assim:vamos a luta!!! seja onde for e como for,o importante é dar vazão ao que lhe corre na veia,mas,deixando espaço para o tempo de cada um...nosso grupo de base é um que nem sempre pode marcar as reuniões abertas como gostaria...no aguardo de contato,já que seu blog me foi linkado por uma amiga de luta...habraços
Hey,o o cometario foi como anonimo ,mas,fui eu que escrevi:
Yone Lindgren
yonelindgren@yahoo.com.br
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