Mobilidade social
Claro, isso faz muito sentido. Se uma pessoa estuda mais, ela pode ocupar cargos intelectuais que não estão disponíveis para quem não tem estudo. E quem não tem estudo se vale apenas do físico. O discurso é que a mobilidade social existe, e se dá através da educação. Mas não sei se isso funciona...
Será que a educação está disponível a todos? Será que uma criança pobre, que mal tem comida em casa, vai deixar de trabalhar para estudar? Ou então, será que uma pessoa pobre que estudou a vida inteira em escola pública vai conseguir passar em um vestibular?
Quanto mais eu pensava, mais eu achava que a mobilidade social é, por enquanto, uma grande farsa. Enquanto não forem criadas maneiras de levar as pessoas às escolas e mantê-las lá, não se pode dizer que temos oportunidades iguais. Enquanto a escola pública for de péssima qualidade, as universidades públicas vão continuar aceitando apenas os ricos que tiveram uma boa educação e conseguiram passar no vestibular. (E faz algum sentido o pobre que estudou a vida inteira em escola pública ter que pagar para estudar em uma faculdade?)
Mais do que isso, me questionei também as "bases". Por que o trabalho físico é menos que o intelectual? Por que um pedreiro é menos do que um engenheiro? Por que a empregada doméstica é menos que a socialite?
Pior que perceber que a mobilidade social não existe é perceber que nosso valor é dado não pelo estudo, nem pelo intelecto, mas pelo dinheiro - e que nada é feito para mudar isso.
[Imagem: Portinari, Café, 1925. Será que mudou algo de lá pra cá?]
Marcadores: escrito por Orquídea, vida pública
2 Comentários:
Sim, o problema está na base de tudo. Se uma pessoa não receber uma educação de qualidade desde o início, muito provavelmente não conseguirá passar no vestibular e seguir daí...
Daí, o que resta é o trabalho "menos qualificado", porque todo mundo tem que sustentar de alguma forma no fim das contas.
Ninguém é melhor que ninguém não, mas isso é meio difícil de aceitar nessa sociedade baseada em aparências.
Beijos.
Post muito coerente. Universidades publicas tem cota para negros, isso não é uma forma de preconceito? Por que no lugar de negros não fazem cotas para pessoas que estudaram na rede publica a vida toda?
Não adianta um ANTA ser presidente e fazer programa para pessoas de baixa renda ir para Faculdade paricular. Como voce disse, o problema esta na base e a BASE NÃO É O ENSINO SUPERIOR E SIM O FUNDAMENTAL E MEDIO. Por isso que votei no Cristovam Buarque...
Caramba... Esses assuntos me deixam tão irritada... rs
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