talvez minha vida seja assim

www.orquideavioleta.blogspot.com

17.7.07

Madrugada

As luzes da cidade eram as únicas acesas, as casas, os prédios, tudo apagado, todos dormiam. Ela adorava dirigir de madrugada, sozinha, indo de sombra em sombra, cidade afora. As coisas parecem realmente calmas e em paz, pensava ela, passando pelas ruas vazias.

Tinha a sorte de morar numa cidade linda, Brasília era ainda mais bonita à noite. Dirigia sem um destino certo, apesar de saber onde gostaria de chegar. Organizava seus pensamentos, ou pelo menos os expunha para si mesma, tentando achar soluções. Essa era única hora em que conseguia realmente entender suas crises, suas confusões.

Com dias cheios como os que estava tendo, não fazia questão de voltar cedo para casa, ficava na rua até tarde para poder voltar de madrugada, sozinha, naquele momento só seu. Andava precisando mais do que nunca de um tempo sozinha, para rever seus sentimentos, mais que seus pensamentos.

Não compreendia o que estava acontecendo. Havia algo preso, uma vontade louca de dizer qualquer coisa, ela não conseguia identificar. Chorava, sentia-se aliviada, apesar da dor de cabeça. Olhando pela janela, ouvia no rádio a música que um dia foi trilha sonora dos melhores momentos da sua vida.

Ela sabia que precisava compreender várias coisas, estava sobrecarregada e parte da culpa por isso era dela mesma. Sentia-se distante do mundo, e assim mais próxima das estrelas. Como o céu a encantava! Sabia que através dele poderia chegar onde seu coração mandava.

Marcadores: ,

15.7.07

...

Tempo ao tempo.


Foi a única coisa que me veio à cabeça durante todo o dia. A noite foi tensa, muitas lágrimas, mágoas.


Durante o dia, a sensação de vazio foi constante, assim como a dor de cabeça.


Agora, observo a madrugada, vendo de longe o céu clarear. Apesar do cansaço, não consigo dormir, minha mente vaga, perdida, cansada de pensar.

Marcadores: ,

8.7.07

O discurso de Ren Volpe

Desculpas a quem não fala inglês, em breve devo traduzir esse belíssimo texto. Publico ele aqui hoje em comemoração ao aniversário de 1 ano de namoro meu e de Violeta. Tem discurso mais inspirador?



xxx



Speech To San Francisco's Fourth Annual Dyke March
by Ren Volpe
Lesbian Activist


Welcome to San Francisco's Fourth Annual Dyke March! Are you psyched to be here? Do you know how fabulous you all look from up here? You women are fucking beautiful!


Tonight, together all 30,000 of us are creating change just by being here. Tonight, we can't be ignored. Tonight, we are definitely not invisible!

But the Dyke March is about way more than just dyke visibility. Look around you. Look at the woman in front of you. Look at the woman behind you. Go ahead, look at her. At this moment we are a vision of what community could look like. We are all here! Tonight, the streets belong to us. For this one night we can make our voices heard! For this one night we are thirty thousand strong and we have the power. We are a force to be reckoned with! How does it feel?

Women, we can have this every day! We can create this kind of strength, solidarity and sisterhood every single day of the year! What would it take to unleash our power?

There are a million ways to make change. There are a million ways to unleash our dyke power. Tonight, we want all of you to make noise and take up lots of space! We want you to take your shirts off, stop traffic and dance in the streets!

And tomorrow, and the next day, and the day after that, we gotta keep this energy going. There are a million ways to unleash our dyke power.

What can we do?
We can eat more pussy!
Eat more ice cream!
We can organize!
We can get angry!
We can demand respect!
Don't take shit from men!
Remember Lorena Bobbit!


There are a million ways
to make change!
We can confront racism every time!
We can run for office!
We can create better sex toys!
Can we please manufacture affordable tampons?


What can we do?
Kill Jenny Craig!
Love your body! Love her body!
Hell, love my body!
Demand universal health care!
Seduce a straight woman!
Help a mother!
Come out to your mother!
Act up fight back fight AIDS!


Be political in any way you can!
Listen to Jocelyn Elders, masturbate!
Know who your congresspeople are
and who they are taking money from!
Be nice to your ex-girlfriend!
We live in California, speak Spanish!


How can we unleash our dyke power?
Show more cleavage!
Take to the streets
Raise money, raise hell!
Out a cop!
Speak up!
Listen to youth!
Fight for education, not prisons
Tell the truth about incest
Learn self-defense!
Have good sex!


Make your voice heard!
A community is created by what it stands for!
Support immigrant rights!
Defend an abortion clinic
Have more good sex! Read dyke books!
Fight to keep affirmative action!
Vote NO on the phony California Civil Rights Initiative!


There are as many ways to fight oppression as there are women here
tonight!
Volunteer for a dyke organization!
Support women artists!
Demand a raise! Pay women what we're worth!
Take your power back!
Take your panties off!
Fuck shit up!


How can we unleash our dyke power?


Keep the momentum going so we are never invisible again. No retreat, we won't go back! We won't overturn affirmative action and we won't go back in the closet! We won't stop fighting for our rights.

Have a great march! We'll see you again next year, and until then, do whatever it is you can to make a difference in your communities. Thank you for coming and may all your orgasms be multiple.

Marcadores: ,

2.7.07

A visão masculina

Foi apenas há pouco tempo que eu percebi que todos os nossos pensadores - poetas, artistas, escritores, filósofos, músicos, cientistas, políticos - enfim, todas as pessoas que criam o nosso mundo, que dão nomes e teorias para aquilo que todo mundo vê, são homens.

E no pensamento masculino, na maneira de moldar o mundo a partir dos olhos deles, que papel cabe às mulheres? Como nós somos vistas?

Abaixo, um poema de Mario Quintana.



Da amizade entre mulheres

Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...



O que o poema quer dizer? Que mulheres não são amigas - e daí subentende-se que somos falsas, traiçoeiras, invejosas, fofoqueiras... Só podemos ser amigas de quem nos é inferior no campo da beleza (só exisitiria amizade entre duas mulheres se uma delas "for muito velha, ou muito feia") . Será que isso é verdade?

Para mim, este é um exemplo claro de como somos contaminadas pela visão de mundo masculina, de como nos deixamos levar pelos códigos e regras deles. Mulheres realmente são fofoqueiras? Nós somos incapazes de ter amizades sinceras, que vão além da competição pela beleza? Nós somos vaidosas e levianas?

O quanto nós vemos o mundo pelos nossos olhos, e quanto nós vemos pelas lentes distorcidas da visão masculina?

Marcadores: ,